Era um pouco maior que eu. E eu só tinha oito anos. Me causou espanto, mas a presença dele logo foi se agigantando. Era baixo, mas acho que o coração dele tinha um tamanho tão grande, que o tornava um gigante. Aos poucos fomos descobrindo detalhes. Ele gostava de Roberto Carlos. Tinha todos os discos lançados até a época. E ainda tinha guardadas na mala que ele trouxe quando veio morar com a gente, algumas calças boca de sino "ISSO ERA UMA FEBRE NOS ANOS 70", disse ele quando nos mostrou.
Depois descobrimos que ele sabia fazer pães, deliciosos! E sorvete de massa também, bem doce!! Sem esquecer do nhoque de batatas, desenhadinhos, com garfo, feito em casa.
Descobrimos um tanto de outras coisas. Eu descobri o melhor pai que alguém pode ter. Descobri que o lance de sangue é quase nada comparado ao laço do amor.
Ele era pequeno, mas seus gestos eram de um tamanho sem medidas. Seu jeito de dizer "te amo" estava traduzido em cada desejo nosso que ele pudesse satisfazer. Estava escondido no pedido de trabalhos de manicure, que ele sempre retribuia dizendo que na próxima compraria uma caixa de chocolates.
Se hoje ele fosse receber o presente de dias dos pais, já tinha a frase pronta. "Não precisa de presentes". Mas a alegria estaria escancarada no risinho tímido, meio de lado.
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
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