domingo, 27 de março de 2011

Eu já me perguntei se demoro muito para fazer acontecer algo em minha vida. Eu sou sossegada, pela própria natureza.
Comecei tarde a faculdade, mas poxa vida, não sabia ainda o que eu queria fazer, mesmo apaixonada por TI, as ramificações são infinitas, não é fácil escolher. Eu decidi por Sistemas de Informação, mas se tivesse esperado mais um pouquinho teria escolhido Redes ou quem sabe Web Design, vai saber.
Até agora não comprei o meu lar doce lar, meu mesmo, sabe, com a certidão no meu nome. A casa de praia que eu ganhei não conta, eu ganhei, não fui eu quem comprou. E o carro? A bendita moto que sempre quis ter? Ainda não tem nenhum motorzinho no meu nome, mas chegará em breve.
O filho jé está decidido eu não terei mesmo, eu não tenho o tal do espírito materno. Me contento em paparicar os sobrinhos lindos que Deus me deu. Tenho até sobrinha neta. E desculpa, não quero ser responsável pelo futuro de ninguém.
Está faltando só um amor, destes, arrebatadores que ouço falar por aí. De perder o ar. Já tive dois, fortes, intensos e de verdade, mas que não vingaram, tá eu sei que eu sou 90% culpada pelo fim, mas pôxa, qual a medida?


Hoje, converando com um amigo das antigas, daqueles que sabem de todos os seus podres e de todas as suas qualidades mais puras. Daqueles que lembram como eu era magrinha e dona de um sorriso que o fez apaixonar. Ele confessou, que foi apaixonado por mim. E que eu deixava ele de lado, como todo o resto da turma, só por ser um ano mais novo que todos. E que delirou quando uma vez ganhou um selinho, que mal dormiu pensando no beijo.

A vida de voltas, nos reencontramos, muitas vezes depois, mas só esse fim de semana ele teve coragem de contar. Hoje em dia ele namora, a menina é ciumenta, e ele me sai com essa: "Você namoraria comigo" , soltei na hora "Você é muito mulherengo". E eu não sei que rumo a vida teria tomado se eu tivesse dito sim, quando dei aquele selinho.

E a vida passa, seguindo seu rumo, com um sorriso aqui, outro ali, fins de semana bons como o de hoje, rodeada de bons amigos. E a certeza de estar fazendo tudo no tempo certo. No meu tempo certo.



"Our hearts were ringing
And souls were singing
Do you remember
Never was a cloudy day"

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bolas de sorvete...
 
Uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a
vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de
sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes
a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras
pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a
imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os
recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel
ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se
obriga a ir malhar. E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na
vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente
sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua, o
compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o
que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase
mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não
agora'...
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos
(devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores,
vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração
saciado.
 
Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.
 
Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate,
um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem
macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não
necessariamente nessa ordem.
 
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .
 
"Você nasce sem pedir e morre sem querer. Aproveite o intervalo."
 
Danuza Leão
 
Sumi daqui um pouco, a vida anda uma correria só, e as chateações não andam inspirando muito. Que venham melhores dias.