sexta-feira, 3 de outubro de 2008

ELEIÇÕES 2008

PORQUE AQUI NÃO SE FALA DE POLÍTICA

Meu maior inimigo é o Estado, sempre, em qualquer circunstância, não importa nas mãos de quem ele esteja, meu maior inimigo é sempre o Estado. E o Estado tem poder demais, muito em parte porque nós atribuímos muito poder a ele. Todo mundo gosta de reclamar de política, e nunca adiantou porra nenhuma essa reclamação toda. Reclamar da política virou prazer. E toda vez que sentamos em um bar pra reclamar de política, estamos atribuindo poder ao Estado, estamos dando importância a ele. E ainda tenho que aguentar artista reclamando que o Estado não subsidia a cultura como deveria. Puta merda, Cervantes escreveu Dom Quixote numa cadeia no século XVII, só de imaginar a dificuldade pra descolar uma pena, tinta e papel nessas condições já me dá aflição, e ainda tenho que aguentar neguinho reclamando que sem a ajuda do Estado não dá pra produzir? Ora, então vão plantar batatas, não é figura de linguagem não, vão plantar batatas, porra! A única coisa que realmente espero do Estado é que ele ofereça escola e saúde pra população, e é só isso. De resto, prefiro saber do ex-presidiário que montou sua academia de boxe embaixo do viaduto, alí na Rua Jaceguai, e tá botando toda a molecada zoada e perdida do pedaço pra fazer ginástica e ocupar o corpo e a cabeça. Pergunta pra ele se teve ajuda do Estado, ou se ele espera alguma coisa do Estado. Se bobear, o Estado acaba arrancando ele de lá. O Estado é meu maior inimigo. Acho que não há nada mais do caralho na cidade do que o movimento que está rolando na Praça Roosevelt. Aquilo estava jogado às traças, tinha virado um ponto decrépito de travestis e indigentes. A moçada do teatro foi lá e salvou a praça. Hoje você vai lá e está cheio de teatros, e atores e atrizes e escritores e bares reverberando energia pulsante. É o movimento de renascimento mais legal da cidade. Pergunta se tem dedo do Estado alí. Tá todo mundo cagando pro Estado alí, porque alí ninguém precisa do Estado. Se bobear, o Estado acaba querendo arrancar eles de lá, porque o Estado é meu maior inimigo. Alí, só se precisa do Estado quando a gastrite e a úlcera apertam e neguinho tem que se internar. Só isso quero do Estado, saúde e escola. Não tem escola? Vai lá no sebo do Bactéria e compra um livro, até nisso eles não precisam do Estado. A América Latina já virou piada, e não é porque os gringos exploram, é porque a América Latina é corrupta, e ponto. Eu, se fosse dono de jornal, passava a dar nota pra esses filhos da puta. Tirava a política da primeira página, só dava manchete com o ex-presidiário da Jaceguai e similares. Chega de falar desses caras, tira o poder deles, não tenho dúvida de que eles ficariam muito putos. Continuariam roubando como sempre, até muito mais, mas qual a graça se não sai mais na primeira página? Qual a graça se ninguém mais está falando deles nos bares? Qual a graça se a população resolveu dar uma banana do tamanho do mundo pra eles e resolver a encrenca sem consultá-los? Resolver a encrenca sem o Estado. É uma utopia do caralho, mas é a minha utopia, e por isso prefiro não falar em política. Falo muita bosta e boto umas coisas meio engraçadas por aqui, e não é por alienação não, é que me divirto muito com isso. Tô preenchendo aos poucos o vazio que ficou na minha cabeça depois de que resolvi dar uma banana pra política nacional, e tô preenchendo com um monte de outras coisas muito mais importantes e legais do que a política nacional, e incluo aí as paixões. E já já isso aí vai render frutos valiosos, sinto na pele. Não dou mais pelota pra esses caras, tenho mais o que fazer. Ruim com eles? Melhor sem eles.

Este texto é do Caco Galhardo, um cartunista que sou apaixonada pelas tirinhas. O texto revela bem o sentimento que tenho em relação a políticos, total desprezo. Não que eu não seja politizada. Gosto de me informar, gosto de saber o que eles andam fazendo lá pelos lados do congresso. Mas eles querem que a gente se foda! É isso. Meu voto no domingo, é do Maluf, falem o que falar dele. O único erro foi ter apoiado o safado do Pitta há algumas eleiçoes. Ah, o voto é secreto? Que se dane, eu vendi o meu, a troco de um kg de pão sírio, do melhor, então tive que divulgar meu voto. Para fazer a cabeça dos meus milhares de leitores...ahahahahahhaahha E no domingo, enquanto todo mundo se diverte, eu estarei lá, exercendo democarticamente minha convocação. Boa escolha para vocês, que cada um faça o que melhor achar com seu voto.

2 comentários:

J. Lara disse...

Eu não concordo em pagar por uma coisa e não esperar nada dela, então eu devo aceitar que eles me roubem? Porque o que os politicos fazem é me roubar, eles roubam meu dinheiro, roubam meus sonhos de um país melhor, roubam a minha dignidade...
Pois eu espero tudo deles, o melhor que eles podem fazer por mim, mesmo a maioria num estando nem aí para que eu acho...
Mas eu acredito que há politicos decentes e que por meio de um voto consciente eu posso colocá-los no poder, ilusão? Talvez...

Candy disse...

Eu estava falando do Maluf ontem. Falando mal, mto mal.
Tanto dele quanto de alguns outros políticos que as pessoas insistem em votar como Collor, Marta Suplicy e gang, ops... companhia.

Fui mesária ontem e minhas percepções rendem um post.

Boa semana
;*