Andava com o peito apertado de um sentimento que não sabia nomear. Não tinha palavras pois o que sentia era uma falta que nunca teve, nunca sentira.
E lembrou-se da palavra medo, e do sentido forte desta palavra, da presença desde a infância "Queria muto o meu pai aqui, estou com medo de dormir sozinha, está chovendo muito lá fora", repetia muita vezes, tentando transformar o desejo me realidade, enquanto agarrava o travesseiro, com a cabeça coberta.
O medo, sempre ali. Como quando o menino mais velho lhe roubou um beijo. O gosto era bom, mas o que sentiu foi vergonhoso e não podia contar para mãe, ela era muito brava. Talvez se o pai estivesse ali do lado, depos que o menino dobrou a esquina, quem sabe seria mais fácil, se o pai pegasse na mão e lhe dissesse que não havia mal nenhum.
Sempre o medo. E ele de novo agora. De ficar só, de dormir sozinha, o sono que não chega nunca. E agora nem adianta mais cobrir a cabeça, não resolve, o medo não vai embora.
E hoje ela sentiu como nasce um pai. E ela chorou...
Nenhum comentário:
Postar um comentário