Malu sempre teve problemas em mostrar sentimento. Dizer que amava uma pessoa era, para ela, um sacrífico.
Culpa disso foi o relacionamento com seu pai. Quando Malú nasceu, seus pais estavam em processo de separação. Eles só se viam em datas comemorativas. E para a menina Malu era estranho abraçar aquele loiro, de olho azul, cor de céu ensolarado de um dia quente de verão. Era estranho amar, dizer que amava, beijar aquele pai, que ela tinha de vez em quando.
Depois, na adolescência, ela já entendia o que aquela relação significava. Os laços que os uniam, eram apenas os de sangue. Nenhum sentimento.
Sempre viveu rodeada de amigos. Sempre teve carinho sincero. Amigos de coração. Se precisasse, daria um braço por algum amigo. Mas dizer em palavras um "eu amo você" era impossível para Malu. Ela, por muitas vezes sentiu vontade de dizer, de abraçar chorando e dizer que gostava muito. Mas o medo de revelar sentimentos, a fazia recuar.
Quando começaram os namoricos então foi o caos. O primeiro grande amor de Malu, um cara 07 anos mais velho, era um amigo da família. Era quase um amor proibido, não poderia ser, e mais uma vez os sentiemntos guardados.
Outra vez ela amou. Sentia que era muito mais amada do que amava. E aquilo a torturava. Não conseguia ser carinhosa. Se fechava. Arrancar um "eu gosto de você" era missão impossível. E mais uma vez fracassou, não conseguiu.
Com as amizades se abria mais. Conseguiu chorar. Conseguiu demonstrar carinho de alguma forma. Conseguiu entender que o amor que se dá, que se recebe apaga qualquer má fase. E que sempre deve ser uma via de duas mãos.
E assim Malu segue a vida, aprendendo, tirando lição de cada momento.
E eu, continuo achando que o ser humano deveria vir com manual de instrução!